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Escrito por José Joaquim

NOTA 1- O 2019 DO FUTEBOL DE PERNAMBUCO

* O futebol de Pernambuco teve um 2018 com resultados trágicos, com a queda do Sport para a Série B e a permanência do Náutico e Santa Cruz na Série C. Somos hoje meros figurantes no processo.

O esporte da chuteira no Brasil é autofágico quando engole os seus membros por conta de uma má distribuição de receitas, aliada a uma ausência de bons gestores, que foram incapazes da formatação de um planejamento adequado para o futuro.

A temporada pernambucana começa com as mesmices de sempre, com a contratação de novos atletas, que faz parte do cotidiano dos clubes, numa demonstração de que o trabalho de base é irrelevante e pouco produz. São caminhões de jogadores, que caracterizam a inexistência do trabalho formador, e que na metade do ano alguns vão embora e outros virão. Um ciclo destruidor.

A cada uma nova contratação uma foto com um cartola de lado, simbolizando o atraso de um sistema gestor. O único clube com nova diretoria é o Sport, embora seja antiga nos seus personagens e sem a visão adequada do moderno.

Como sempre começa um ciclo repetitivo, com a apresentação dos contratados, entrevistas coletivas para a alegria de uma mídia juvenil, exames médicos, testes físicos, entre outras coisas do setor.

Tudo isso para a disputa de uma competição falecida que chamam de estadual, e que serve para incrementar os prejuízos. Na realidade entrarão no nada e sairão do nada. Quando um clube ganha o título local, em dois meses esse fica esquecido pelos torcedores.

O futebol de nosso estado precisa de bons pensadores, da volta do trabalho de base, para a formação de bons talentos, desde que pelo sistema jamais os seus clubes voltarão a um maior patamar.

NOTA 2- NO MERCADO DA BOLA A LIDERANÇA É DO CSA

* A movimentação do mercado da bola dos clubes que irão disputar a Série A dessa temporada no final do ano foi pontual para a maioria, ou seja apenas para a cobertura das lacunas que foram abertas.

O Cruzeiro, ao lado do Santos, foram os únicos que ainda não anunciaram ninguém para este ano. O Atlético-MG anunciou no final de 2018 duas contratações, a do zagueiro Réver e o lateral direito Guga.

A lista é liderada pelo CSA, que teve o acesso à chamada elite do futebol brasileiro, com 13 reforços, um time inteiro e mais dois reservas. O Ceará que fugiu da Caetana no final do Campeonato, aparece em segundo, com 10 contratações, e o Fortaleza é o terceiro com 9. Os nordestinos contrataram quase três times. O campeão Palmeiras anunciou cinco reforços.

A contratação mais cara foi paga pelo São Paulo. O tricolor paulista gastou R$ 26,6 milhões para tirar Pablo do Atlético-PR.

O ideal seria uma maior perenização dos times com relação aos seus elencos. Na verdade, é grotesca a existência de clubes que realizam mais de trinta contratações em uma temporada. 

NOTA 3- PROJETO PARA REGULAMENTAR A PROFISSÃO DOS AGENTES DO FUTEBOL

* A atuação dos agentes e intermediários do futebol é uma gigante caixa preta. Não existe o menor controle muito embora isso esteja sobre a responsabilidade do Circo do Futebol.

Até 2015 os empresários na época denominados ¨agentes Fifa¨ tinham a liberdade para dividir com clubes e jogadores parte desses direitos econômicos.

A FIFA proibiu esse modelo, mas em nosso país nada mudou. Segundo o blog do jornalista Marcel Rizzo, do Portal Uol existem 656 registros no Circo, entre pessoas físicas e jurídicas, sendo o Brasil o terceiro com mais agentes em todo mundo. 

Por outro lado não existe um controle sobre as taxa cobradas pelos profissionais, que deveria ser até de 10%, mas muitas vezes tal limite é ultrapassado. Muitas vezes o dinheiro é lavado no exterior.

Por conta disso, o deputado Carlos Henrique Gaguin, do estado de Tocantins, apresentou um projeto de lei que regulamenta a profissão do agente desportivo do futebol, os intermediários responsáveis pelas negociações de jogadores entre os clubes e o assentamento de carreiras.

A proposta de Gaguin é que seja criado um Conselho de Agentes Desportivos do Futebol em cada estado, e um federal para controlar a atividade profissional e conceder registros.

O projeto também exige que o profissional tenha curso superior ou técnico em agente desportivo. Atualmente quem fornece a permissão é o Circo do Futebol Brasileiro que não tem credibilidade para tal.

Uma boa ideia que servirá para moralizar o setor.

NOTA 4- A MÉDIA DE OCIOSIDADE DOS ESTÁDIOS DA SÉRIE A EM 2018 FOI DE 58%

* Os estádios que abrigaram os jogos da Série A de 2018 tiveram uma ociosidade de 58%, com uma ocupação de 42%. O Palmeiras foi o clube que teve a melhor performance, com 74% dos assentos do Allianz Parque ocupados.

A seguir vem o Atlético-MG, 71%, Corinthians com 67%, Flamengo, 54%, Santos, 46%, São Paulo, 44%, Grêmio, 42%, Vasco, 42%, Internacional, 40%, Chapecoense, 38%, fechando o TOP 10. 

No segunda página, o América-MG liderou com 19%, Fluminense, 21%,  Vitória,25%, Botafogo, 25%, Atlético-PR, 26%, Sport, 28%, Paraná, 31%, Ceará, 32% e Bahia, 35%, e Cruzeiro, 37%. 

Os números mostram a dura realidade de uma média de 58% de ociosidade nos estádios brasileiros.

NOTA 5- O FUTEBOL BRASILEIRO NÃO RESPEITA AS REGRAS DA FIFA

* O Flamengo está utilizando os investidores do zagueiro Dedé para tira-lo do Cruzeiro com uma proposta de R$ 30 milhões pelo atleta.

Um assédio que mostra a falta de ética no relacionamento entre os clubes.

O interessante é que existe uma Circular nº 1464, da FIFA, que inseriu no Regulamento on The Status and Transfer of Players de 2015 o artigo 18ter, vetando, a partir de 1 de maio desse ano, a participação de terceiros nos direitos econômicos dos atletas de futebol.

A entidade máxima do futebol não mais reconhece esta participação em contratos renovados após essa data, como é o caso de Dedé.

Apesar disso, de forma aberta os  chamados investidores continuam descumprindo a legislação do órgão máximo do futebol mundial, ao atuarem nas transferências de seus atletas, inclusive sendo citados nos diversos veículos de mídias.

O Circo fecha os olhos para tais fatos, de forma estranha e não toma nenhuma atitude para resolver esse grave problema.

Se os dirigentes tivessem coragem, quando nas negociações de seus atletas com direitos econômicos distribuídos entre os investidores, não repassariam os valores para esses.

Estariam cobertos pela lei, e seria  um grito de independência, mas infelizmente os clubes vivem na pindaíba e se submetem aqueles que tem o dinheiro no futebol.

São coisas do futebol.

NOTA 6- UMA DECISÃO ANTECIPADA

* Na tarde/noite de hoje teremos um jogo que pode ser considerado como uma decisão antecipada da Premier League, mesmo com muito chão pela frente.

O líder Liverpool que hoje é o melhor time do mundo, irá enfrentar o Manchester City que teve um inicio avassalador, sofreu alguns tropeços nos seus últimos jogos, se distanciando com sete pontos do seu maior adversário, que na realidade está jogando quase no nível de excelência.

O Liverpool está invicto na competição com 17 vitórias e 3 empates, e um sucesso nesse jogo ficará como favorito para a conquista do título.

Será um encontro entre os dois melhores técnicos do mundo, e na certeza de que teremos um bom futebol nesse inicio do ano.

Vale a pena assisti-lo. 

Escrito por José Joaquim

São dez anos e seis meses com uma única interrupção por conta dos hackers, e que foi por pouco tempo, que todos os dias o blog está publicando artigos sobre os esportes brasileiros e internacionais.

Ontem ao assistirmos um vídeo da ESPN-Brasil com uma mesa de Natal comandada por Romulo Mendonça, mostrando a programação da empresa até o final do ano, de forma grotesco com o humorismo que condenamos por várias vezes, que tornam os esportes em um programa de humor barato e sem graça, chegamos a conclusão que pela primeira vez iriamos tirar umas férias, mesmo curtas, desde que os assuntos do futebol em especial estão dedicados ao mercado da bola, e com programas que vão do nada para o nada.

A imprensa escrita agoniza e pouco produz. 

Nesse período de vida do blog por incrível que pareça observamos que todos os segmentos esportivos tiveram uma regressão, inclusive com os cupins da corrução os corroendo.

O Circo que comanda o futebol nacional teve três ex-presidentes defenestrados, sendo que um desses está preso, todos por suspeitas de pertencerem a uma organização criminosa. Várias Confederações sofreram intervenções, inclusive com a prisão dos presidentes, por conta da malversação do dinheiro público.

Nesses mesmos dez anos duas Copas do  Mundo foram perdidas, o crescimento olímpico não aconteceu, e o legado da Olímpiada ficou nos bolsos de muita gente, inclusive dos governantes do estado do Rio de Janeiro.

O futebol brasileiro entra ano e sai ano e a queda se acentua. Vive de sonhos e ilusões comandadas por ilusionistas. O país foi tragado pela corrupção, que por sua vez foi tragada pela Lava-Jato, que foi a única coisa boa que aconteceu nos últimos anos.

Os esportes de Pernambuco em seu conjunto já estão enterrados em uma cova bem profunda. O futebol local tornou-se um fantasma que gira em torno de uma Série B e Série C, e sem perspectivas de uma melhora.

Nos demais esportes nada a se comentar, não existem.

Ainda não desistimos e vamos continuar lutando por mudanças reais, que possam dar uma nova vida em todo o país, que irá refletir nos esportes, e existem todas as condições de que isso possa acontecer.

De nossa parte só temos a agradecer os acessos ao blog que começou com apenas seis visitas e hoje muitas vezes supera a casa dos mil, que para o nosso estado é algo que está acima da realidade. Nos dez anos já passamos de 700 mil acessos, graças aos visitantes que gostam de um debate sério e de qualidade.

Voltaremos no dia 03 de janeiro, já com o Ano Novo que sempre é o Velho, pois apenas o calendário é que muda, desejando aos amigos um bom Natal e um Ano Novo com perspectivas diferentes as que vivenciamos nesse ano que está fechando as suas portas.

O blog tem um twitter próprio(@blogdejj), e nas férias curtas iremos utiliza-lo se acontecer algo de novo no Reino da Dinamarca. 

Escrito por José Joaquim

NOTA 1- O BRASIL ESTÁ 30 ANOS ATRÁS NA INDÚSTRIA DO FUTEBOL 

* O título desta Nota é da autoria de Mario Celso Petraglia numa ótima entrevista ao jornal o Lance.

Como essa é muito extensa, tivemos que escolher algumas respostas que vem ao encontro do que pensamos sobre os temas abordados.

Uma dessas foi sobre o atual momento financeiro do Atlético-PR em comparação a outras grandes equipes do cenário nacional. Segundo Petraglia, o histórico do futebol brasileiro mostra o predomínio há décadas, no caso a TV Globo e a CBF.

Existe esse hábito da Globo em transmitir todos os jogos realizados no Brasil, com os horários que ela estabelece, e que nem sempre os clubes estão de acordo. E A CBF por sua vez, privilegiando a Seleção para vender a sua marca e sua imagem, ao invés de ajudar os clubes nessa internacionalização.

Além disso, existe esse abismo na divisão de cotas de tv. Clubes como o Flamengo e Corinthians possuem um valor infinitamente maior em relação aos clubes emergentes, que é onde o Atlético se encontra nesse momento. Então montamos o projeto dentro das nossas possibilidades de caixa. Quem tem mais caixa, possui maiores possibilidades de alcançar os títulos, desde que contrata os melhores jogadores.

A situação financeira de grande parte dos clubes do cenário brasileiro é de dependência de receitas, como as cotas de tv. Diante deste fato, falta coragem para bater de frente com os desejos da CBF e da própria Globo.

Uma verdade que vai além do verdadeiro, e a comprovação de que os maiores problemas de nosso futebol estão no seu Circo e na Rede Globo. 

NOTA 2- ORÇAMENTO DO NÁUTICO

* Recebemos uma mensagem sobre o orçamento do Náutico para a temporada de 2019, por conta do valor de R$ 14,97 milhões que foi projetado para as suas receitas.

Na verdade causa um impacto de imediato ao se receber a noticia de que um clube que já esteve bem situado no futebol brasileiro, hoje só terá pela frente tal valor orçamentado, e com uma previsão de uma folha salarial para o futebol de R$ 250 mil.

Na realidade trata-se de um planejamento orçamentário dentro das perspectivas do clube, e errado seria que esse estivesse contando com o ovo dentro da galinha.

O alvirrubro tem problemas graves com relação aos seus débitos, que muitas vezes aparecem através de uma decisão judicial. O clube da Rosa e Silva está em um trabalho de recuperação, e sobretudo no retorno da credibilidade.

Quanto as despesas com o futebol, estão dentro de sua realidade. O que adiantaria contratar jogadores com altos salários, sem caixa para paga-los. 

Salários em dia representam um grande motivo para o elenco, que joga sabendo que no final do mês os seus proventos estarão garantidos.

A diretoria do clube acertou  em adotar o famoso binômio Receitas x Despesas, que é sem duvida primordial para a sua evolução, que deverá acontecer, embora um pouco lenta.

Orçamento não é uma peça de ficção e o Náutico o fez com os pés no chão, ou seja alocando os recursos que são reais e que entrarão em seus cofres. No meio do caminho esse poderá até ser incrementado, dependendo do rendimento no gramado.

Realmente o valor assusta, mas a diretoria do clube está agindo de forma lúcida e competente ao não sonhar com o cavalo de São Jorge.

NOTA 3- AS MUDANÇAS NA LEI PELÉ

* A Lei Pelé precisa ser revigorada, desde que se passaram 20 anos e os esportes evoluíram com a globalização, e essa caducou em alguns dos seus artigos.

O projeto está em andamento no Congresso Nacional, e torna-se necessário que os novos legisladores possam dar andamento para a sua aprovação.

A Lei em alguns setores está defasada, e em especial com relação ao capitulo da sociedade empresariais dos clubes, que não tornou-se obrigatória e isso desestabilizou o sistema, desde que as entidades que optassem por uma sociedade anônima iriam pagar PIS e Cofins, e com a obrigação de emissão de uma nota fiscal, enquanto aquelas que ficassem com o modelo atual estariam isentas por não terem fins lucrativos. Seria uma brutal desigualdade.

Na realidade se não houver uma mudança no modelo de gestão dos clubes, ou seja, o de se tornarem sociedades com fins lucrativos, o futebol brasileiro continuará capengando.

A visão amadorista ¨dos sem fins lucrativos¨ faz parte da história antiga do futebol, que não permite a sua evolução.

Como a bancada da bola está fragilizada, certamente no próximo ano as modificações dessa Lei serão aprovadas e com isso a obrigação de todos se tornarem em sociedades empresariais.

Estivemos relendo alguns trabalhos nossos que foram remetidos ao CND na década de 80, e já nessa ocasião já citávamos a necessidade de acabar com o futebol amador e transforma-lo em profissional.

NOTA 4- AUDITORIAS

* Sempre defendemos que as empresas que fazem auditorias nos clubes de futebol deveriam ser contratadas pelos sócios e pagas por esses com uma pequena taxa nas mensalidades.

A mesma coisa para as Federações estaduais e Confederação quando os filiados teriam os mesmos procedimentos.

Não existe desconfiança na seriedade dessas empresas, e de seus auditores, mas torna-se necessário as suas liberações daqueles que os pagam.

Um exemplo aconteceu com uma empresa que auditou os balanços do Internacional em março de 2017, quando entregou o seu parecer sobre as contas de 2016 com uma pequena ressalva.

Por uma questão de ética não vamos publicar o seu nome.

No mesmo mês o Conselho Fiscal do clube, encomendou parecer a uma outra que apontou falhas gerando a reprovação das contas de Vitorio Piffero.

Segundo o blog do jornalista Hiltor Mombach, do jornal Correio do Povo de Porto Alegre, foi uma terceira empresa de auditoria, que detectou, inconsistência em vários contratos não realizados com cinco empresas no ramo de construção civil, apontando ¨risco alto de fraude¨, deflagrando o processo que culminou com a operação do Ministério Público na última quarta-feira.

Se fosse seguida as poucas ressalvas citadas na primeira auditoria, possivelmente as contas seriam aprovadas. Na realidade fatos como esses mostram a necessidade de outros mecanismos de controles.

Sempre analisamos os pareceres dos auditores nos balanços que são publicados pelos clubes, e muitas vezes ficamos na certeza de que as contas não deveriam ter sido aprovadas sem explicações das suas diretorias sobre alguns gastos.

São coisas do futebol brasileiro.

NOTA 5- OS PROBLEMAS DO FUTEBOL CARIOCA

* Dois exemplos bem claros que mostraram a trágica situação do futebol do Rio de Janeiro.

Dois fatos aconteceram ao mesmo tempo. 

O Botafogo que contava com o recebimento de R$ 6,4 milhões pela venda de Matheus Fernandes ao Palmeiras, esse foi bloqueado por uma decisão judicial, para pagamento de um processo trabalhista movido pelo técnico Oswaldo Oliveira. Tal medida afetou o caixa do clube para os pagamentos dos atletas.

No mesmo período, o Fluminense que está locado no fundo do poço, também foi apanhado com uma liminar da 4ª Vara Cível de Belo Horizonte, atendendo a um pleito do América-MG que pediu o bloqueio dos valores das transferências do lateral Leo Pelé para o São Paulo e do volante Richard do Corinthians, além de uma parte da cota da TV para a transmissão do Campeonato Carioca e do Brasileirinho.

O valor do débito do tricolor das Laranjeiras para o Coelho, é de R$ 7,2 milhões que é referente a segunda parcela da transferência do atacante Richarlison para o Watford da Inglaterra. Essa venceu em 18 de agosto de 2018.

Na realidade isso é a verdadeira cara do futebol carioca, assim como do brasileiro, com clubes endividados, vendendo os seus ativos, e sem poder receber as importância de suas negociações. 

Escrito por José Joaquim

Mais um ano que se finda e o futebol brasileiro continua na sua marcha regressiva, e com quase nada a se comemorar.

Os problemas são os mesmos, dos anos anteriores, clubes com problemas financeiros, o modelo da idade da pedra que continua em vigor através do seu Calendário irracional. Trata-se de uma panela que vem sendo mexida por várias colheres, com um produto final que sai ou muito doce, ou muito salgado.

Na verdade trata-se de um tema complexo e que merece uma analise profunda e racional.

Comparações com o futebol europeu são salutares, principalmente pela sua organização e qualidade, que estão bem acima do nosso, mas devemos sempre lembrar que tirando uma parte da Rússia, a Europa cabe no Brasil, onde cada pais representa um estado de nossa Federação.

O calendário deveria ser universal, uma Liga é o único caminho a ser trilhado para uma transformação radical no esporte da chuteira em nosso país.

Se discute pontos irrelevantes que fazem parte do futebol brasileiro, e deixam de lado os clubes menores que formam uma maioria, e que não tem calendário na maior parte do ano. Se esses tivessem jogos durante toda a temporada quantos atletas seriam revelados?

Um pequeno grupo de associações tomaram conta do vasto território nacional. O futebol retornou ao período das Capitanias Hereditárias, onde o Capitão-Mor era dono de um largo pedaço, com o direito a ser sucedido pelos seus herdeiros.

Os estaduais que antes cobriam quase o ano inteiro se tornaram jurássicos, verdadeiros fantasmas rondando os estádios. O nosso sistema futebolístico é autofágico com os menores sendo trucidados e engolidos pelos maiores. Clubes com grandes torcidas aos poucos estão sendo exterminados.

Não observamos nenhuma ação com respeito a proteção de times menores, que ficam sazonais por seis meses do calendário do futebol em sua grande maioria. Quem já pensou em aumentar o número de participantes nas competições, de forma regionalizada, com uma grande final entre os melhores? Nessa temporada clubes como o Náutico e Santa Cruz ficaram hibernando por longos meses.

A terceira divisão da Espanha é disputada por 80 clubes em quatro regionais, mas os que estão no comando e no entorno do nosso futebol não conseguem enxergar.

Na verdade os clubes que são chamados de grandes e a imprensa de seus estados só pensam nos seus umbigos. Vivemos numa ditadura do Sul e Sudeste.

Enquanto não sairmos do sistema do Brasil Colônia, a extinção do futebol brasileiro vai sendo procedida, e clubes com boas demandas estão sendo consumidos pela autofagia encomendada por uma dúzia de proprietários do território nacional.

Sempre estamos postando artigos sobre esse tema, e tornamos a repetir que o debate tem que ser profundo, desde que o futebol não pertence a uma minoria, que só nas ditaduras tem poder, desde que numa democracia a maioria é ouvida, respeitando sempre a minoria. Nesse esporte é o inverso, onde a minoria manda, e mata em massa  a maioria.

Coisas de regimes ditatoriais.

Escrito por José Joaquim

O falecido compositor e cantor Dominguinhos, nos deixou um legado musical por demais importante, com belas composições, e entre essas a que tem o título ¨Isso aqui tá bom demais¨, que nos lembra do futebol brasileiro por conta dos seus versos iniciais.

¨Olha, que isso aqui tá muito bom,

Isso aqui tá bom demais,

Olha quem tá fora quer entrar,

mas quem tá dentro não sai,

Pois é¨.

Será que esse teve o sentimento de homenagear o forró, ou estava se referindo ao modelo de nosso futebol, que é o ¨daquele que está dentro não sai¨.

Clubes, Federações e Confederações retratam esse sistema, quando existem os que desejam entrar para mudar, mas são barrados por aqueles que estão se usufruindo da festa que não temos duvida é excelente para esses.

Quantas vezes ouvimos dirigentes afirmarem que não aguentavam mais as críticas, que estavam cansados, mas ao mesmo tempo não víamos nenhum movimento para deixarem os comandos. Era apenas uma pirotecnia, e uma encenação teatral para chamar a atenção, e o desvio dos problemas.

Obvio que algo de bom está embutido em seus cargos.

Os clubes mudam de cartolas, mas os que saem continuam no sistema, participando de suas atividades, e ocupando outros cargos. É estressante, mas é divertido para eles. O que estão fora não entram, porque o modelo não permite com a atuação de fantasmas. Todos ficam cantando ¨Isso aqui tá bom demais¨.

Quando se parte para as Federações, existem dirigentes que estão há décadas, Conhecemos um desses no Acre, que na época que estávamos no Basquetebol, na década de 80, o personagem era presidente de uma entidade eclética que contemplava esse esporte, junto com o futebol.

Hoje, Antônio Aquino, o Toniquim, ainda continua no comando da entidade, e sendo eleito como um dos vice-presidentes regionais do Circo na Chapa do Caboclo,  e apesar desse longo tempo pouco fez pelo esporte da chuteira do estado nortista.

Enquanto isso, Aquino está feliz, cantando que ¨Tá bom demais¨. Certamente tem algo positivo para ficar tantos anos no poder.

Como ele existem dezenas que estão no sacrifício, mas não largam o ¨ossinho¨, que lhes concede tantas benesses, fazendo com que esqueçam os estresses da vida.

Continuam sobrevivendo por conta de Clubes Amadores da Capital e de Ligas, que só existem para a manutenção do poder. Quando sentem um sobressalto, vão para uma sala fechada e produzem novos eleitores. É bom demais.

Dominguinhos tinha razão. Quando chegamos na Confederação, aí é que ¨Tá bom demais¨, quando um grupo assumiu o seu comando por mais de 30 anos, e nesse período três dos seus ex-presidentes foram afastados por suspeitas de corrupção e de organização criminosa, e um deles está numa prisão dos Estados Unidos.

Apesar disso o grupo que está instalado na Barra da Tijuca é o da continuação do sistema, e as muitas criticas e ofensas continuam as mesmas.

Como alguém pode ser ofendido e não tomar providencia para deixar o cargo? Uma resposta simples: faz parte do sacrifício, cuja recompensa vem através de benesses, ou das negociatas como as promovidas pelos defenestrados.

Os que estão de fora que desejavam entrar não conseguem, desde que os cartolas circenses durante as caladas da noite modificaram os valores dos votos, ferindo a legislação, para se perpetuarem no poder, que é de sacrifício, mas tem algo de bom demais dentro dele.

Como na música, a vida se repete no futebol brasileiro, cujo comando vive no verdadeiro forró, sob o som de um bom acordeon (sanfona), que insiste no refrão: Isso aqui, tá bom demais, quem tá fora não entra, e quem tá dentro não sai¨.

Não sai por que? O único que não está bem é o futebol. Difícil de entender.